Rios Urbanos e Limpos? Sim, é possível!

Grece Otero

Falar sobre rios urbanos é antes de tudo refletir sobre a própria classificação dada aos rios que atravessam as grandes cidades.

Se consideramos que eles já estavam por lá quando nem sequer imaginávamos erguer centros urbanos tão complexos e dinâmicos, podemos denominá-los de rio urbanizados, visto que a transformação da paisagem natural se deu através de um processo gradual ao longo de poucos anos. Digo poucos anos, pois o que o planeta levou alguns bilhões de anos para construir, nós degradamos em poucos anos, de fato.

Durante o processo de urbanização, os rios foram sendo vistos como verdadeiros obstáculos para a dinâmica e metabolismo das cidades. Saneamento básico, de básico não tem nada, pois a política pública brasileira nunca priorizou projetos sérios com este objetivo. Além disso, a cultura do marketing político no nosso país é investir em obras de grande porte que possam ser vistas a olho nu pela população, pois assim, acreditam angariar mais votos nas próximas eleições. Já que as obras de saneamento básico, como sistemas de coleta e tratamento das águas residuais são intervenções embaixo do solo, acabam por não adquirir prioridade na agenda de ações para melhoria da qualidade de vida nas grandes cidades. Por isso, no Brasil, se tornou prática comum o esgotamento sanitário sem tratamento adequado ser destinado aos rios mais próximos.

A canalização dos rios surge como uma alternativa aos problemas causados pela falta de planejamento e estudos técnicos que considerassem uma premissa básica da natureza: Toda e qualquer intervenção na paisagem natural gera impacto, e o tamanho do impacto é diretamente proporcional ao tamanho da intervenção humana.

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